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🔱Estudando tomografia sísmica #3 - Slabs


Das feições observadas na resposta anômala sísmica, a litosfera oceânica subductada (slab) talvez seja o objeto mais precisamente identificado, por sua geometria característica e seu posicionamento em relação à geologia de superfície. 
 

Diante dos esforços tectônicos, a litosfera oceânica tende a subductar sob a crosta continental por possuir uma flutuabilidade negativa. composição mineral deve auxiliar na conservação da litosfera subductada no manto, por diferenças entre o ponto de fusão das rochas em subducção e as encaixantes mantélicas.

Tradicionalmente, slabs são vistos como um material mais "frio". Como materiais mais frios tendem a ser mais densos e a acelerar as ondas, e as ondas sísmicas ficam mais rápidas ao passar por esta estrutura, a primeira interpretação de causa da anomalia é a temperatura. Porém, atribuir anomalias sísmicas negativas como sendo causadas por menor temperatura é uma simplificação que nem sempre é válida. Outros fatores também podem alterar a velocidade sísmica, como composição mineral e fluídos. Por exemplo, consideremos apenas a rocha eclogito, que é natural da litosfera oceânica subductada. Esta rocha tende a estar mais densa que o meio, pois funde em temperaturas mais altas do que do peridotito. Esta já seria uma justificativa para a aceleração das ondas ao passarem pelo slab.

As placas subductadas encontram uma barreira de propriedade física na zona de baixa velocidade do manto (ZBV), onde o manto é mais fluido que o entorno. A ZBV faz com que alguns slabs tenham a tendência a se horizontalizar e serem incorporados por esta zona. Mas outros slabs chegam no manto inferior, e ainda estão lá preservadas. É o caso por exemplo, da placa Farallon, pré-Triássica, conservada sob a América do 
Norte ("anomalia Hatteras").

Os slabs conhecidos até 2018 estão catalogados em van der Meer et al. (2018), disponíveis também na página Atlas of the Underworld ðŸ”±.




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Referências:

Atlas of the Underworld 

MantlePlumes.org

van der Meer, D.G., Spakman, W., van Hinsbergen, D.J.J., Amaru, M.L., Torsvik, T.H., 2010. Towards absolute plate motions constrained by lower-mantle slab remnants. Nat. Geosci. 3, 36–40.

van der Meer, D.G., Torsvik, T.H., Spakman, W., van Hinsbergen, D.J.J., Amaru, M.L., 2012. Intra-Panthalassa Ocean subduction zones revealed by fossil arcs and mantle structure. Nat. Geosci. 5, 215–219.

van der Meer, D. G.; van Hinsbergen, D. J. J.; Spakman, W. Atlas of the underworld: Slab remnants in the mantle, their sinking history, and a new outlook on lower mantle viscosity. Tectonophysics, 723, 309–448, 2018.

Wu, P.; Wang, H.; Steffen, H. The role of thermal effect on mantle seismic anomalies under Laurentia and Fennoscandia from observations of Glacial Isostatic Adjustment. 2012.






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